Quanto cobrar pelos seus serviços: fórmula prática
1 de dez. de 2025
Por que “chutar” preço é um risco para o seu negócio
Muita gente define preço assim: vê o que o concorrente cobra, coloca “um pouco menos” ou “um pouco mais” e segue a vida. O problema é que esse método ignora a parte mais importante da precificação: os seus números.
O próprio Sebrae reforça que o preço de venda precisa levar em conta custos, impostos, despesas, concorrência e demanda, para garantir que o negócio seja competitivo e lucrativo.
Neste guia, você vai ver uma fórmula simples para precificar serviços, usando uma planilha. A ideia é que qualquer MEI, autônomo ou pequena empresa consiga aplicar.
Passo 1: Entenda os tipos de custos do seu serviço
Antes de falar em preço, você precisa saber quanto o seu serviço realmente custa. O Sebrae divide os custos em duas grandes categorias:
Custos fixos – acontecem todo mês, mesmo que você não faça nenhuma venda:
aluguel, internet, energia
contador
mensalidades de softwares
pró-labore (retirada dos sócios)
salários e encargos de funcionários
Custos variáveis – aumentam ou diminuem conforme você vende mais ou menos:
impostos sobre faturamento (Simples Nacional, ISS etc.)
taxas de cartão e plataformas de pagamento
comissões
materiais para atender o cliente (insumos, deslocamento, embalagens, etc.)
Objetivo do passo 1: ter uma noção clara de quanto custa manter o negócio aberto (fixos) e quanto “vai embora” a cada venda (variáveis).

Passo 2: Descubra quanto custa a sua hora de trabalho
Se você presta serviço (consultoria, design, beleza, manutenção, saúde, aulas etc.), faz muito sentido partir da hora de trabalho.
Some seus custos fixos mensais
Ex.: aluguel (R$ 800) + internet (R$ 120) + contador (R$ 300) + energia (R$ 180) + pró-labore (R$ 2.000) = R$ 3.400
Estime quantas horas faturáveis você trabalha por mês
Não é o total de horas trabalhadas, e sim as horas que você pode cobrar do cliente.
Ex.: em 22 dias úteis, você atende em média 4 horas por dia → 22 × 4 = 88 horas faturáveis.
Calcule o custo da sua hora fixa
Custo da hora = Custos fixos mensais ÷ Horas faturáveis
Ex.: R$ 3.400 ÷ 88 ≈ R$ 38,64 por hora
Esse valor ainda não é o seu preço, porque falta incluir impostos, taxas e lucro.
Passo 3: Liste impostos, taxas e margem de lucro desejada
Agora você precisa estimar, em percentual sobre o preço de venda, quanto será consumido por:
Impostos sobre faturamento (Simples Nacional, ISS, INSS sobre pró-labore, etc.)
Taxas de cartão (crédito, débito, maquininha, plataformas online)
Comissões (se houver)
Margem de lucro (o ganho líquido que você quer ter depois de pagar todos os custos)
O manual do Sebrae trabalha muito com essa lógica: parte do preço de venda cobre custos variáveis e outra parte é chamada de margem de contribuição – que serve para pagar os custos fixos e ainda gerar lucro.
Exemplo de percentuais médios (apenas ilustrativo):
Impostos: 10%
Taxas de cartão: 4%
Outros custos variáveis: 6%
Margem de lucro desejada: 20%
Total “comendo” o preço de venda: 40%.
Logo, a sua margem de contribuição seria de 60% (é a parte do preço que sobra para custear fixos + lucro).
Passo 4: Monte uma fórmula simples de precificação
Aqui entra um conceito clássico que o Sebrae usa: o markup, que é um fator aplicado sobre o custo para chegar ao preço de venda.
De forma simplificada, você pode usar:
Preço de venda = Custo total ÷ (1 − soma dos percentuais de impostos, taxas e lucro)
Vamos montar um exemplo prático para um serviço:
Calcule o custo do serviço
Você estima gastar 3 horas no serviço.
Custo da hora (do passo 2): R$ 38,64
Custo fixo embutido: 3 × 38,64 ≈ R$ 115,92
Materiais e deslocamento: R$ 20
Custo total estimado do serviço = R$ 135,92
Defina os percentuais
Impostos + taxas + outros variáveis: 20%
Margem de lucro desejada: 20%
Total: 40% → em decimal = 0,40
Aplique a fórmula
Preço = 135,92 ÷ (1 − 0,40)
Preço = 135,92 ÷ 0,60 ≈ R$ 226,53
Você pode arredondar para R$ 229 ou R$ 230, sempre olhando para o mercado e para o seu posicionamento.
Passo 5: Verifique o ponto de equilíbrio (quanto você precisa vender no mês)
Não adianta ter um preço bonito na planilha se, na prática, o faturamento total não paga os custos. É aí que entra o ponto de equilíbrio, muito trabalhado pelo Sebrae.
Em resumo:
Ponto de equilíbrio é o faturamento mínimo necessário para cobrir todos os custos, sem lucro nem prejuízo.
Uma forma simples de enxergar isso:
Some seus custos fixos mensais (ex.: R$ 3.400).
Estime sua margem de contribuição média (quanto sobra do faturamento depois de pagar custos variáveis).
Se impostos + taxas + outros variáveis somam 30%, a margem de contribuição é 70% (0,70).
Use a fórmula aproximada:
Ponto de equilíbrio = Custos fixos ÷ margem de contribuição
Ex.: 3.400 ÷ 0,70 ≈ R$ 4.857
Isso significa que, com os preços atuais, você precisa faturar pelo menos R$ 4.857 por mês para não ter prejuízo. A cartilha do Sebrae mostra esse raciocínio em detalhes, com exemplos de empresas reais.
Passo 6: Compare com o mercado (sem copiar no escuro)
Depois de ter seus números:
Pesquise quanto os concorrentes cobram.
Veja se o seu preço está muito acima ou muito abaixo.
Se estiver bem diferente, você pode:
revisar custos,
ajustar margem de lucro,
ou reposicionar o serviço (mais premium, mais simples etc.).
O que o Sebrae alerta é que copiar o preço da concorrência sem conhecer seus próprios custos é perigoso: você pode vender muito e ainda assim ter prejuízo, ou cobrar caro demais e perder competitividade sem perceber.
Passo 7: Monte uma planilha simples de precificação
Pra deixar tudo organizado, monte (ou peça para alguém montar) uma planilha com, no mínimo, estas abas:
1. Aba “Custos fixos mensais”
Colunas sugeridas:
Descrição do custo
Valor mês (R$)
Observações
No final, some tudo para ter o total de custos fixos.
2. Aba “Serviços”
Para cada tipo de serviço, você pode ter algo assim:
Serviço
| Horas previstas
| Custo por hora
| Custos extras (materiais, deslocamento)
| Custo total
| % impostos+taxas
| % lucro
| Preço sugerido
|
Essa lógica é bem alinhada às tabelas de prática do manual do Sebrae, que incentiva registrar custos, impostos, comissões e margem para chegar a um preço sustentável.
3. Aba “Resumo e ponto de equilíbrio”
Total de custos fixos
Margem de contribuição média
Ponto de equilíbrio mensal (faturamento mínimo)
Materiais e planilhas do Sebrae para aprofundar
O Sebrae disponibiliza o manual “Como elaborar o preço de venda”, com explicações detalhadas, exercícios, fórmulas de markup e exemplos práticos para pequenos negócios de comércio, indústria e serviços.
Vale a pena:
Baixar o material completo no site do Sebrae.
Usar as planilhas-modelo e quadros de “Hora de praticar” para testar seus próprios números.
Quando vale chamar um contador para te ajudar
Se você:
está crescendo e pensa em contratar,
quer simular diferentes cenários de preço,
ou sente que está trabalhando muito e sobrando pouco,
ter um contador do seu lado faz muita diferença. Ele te ajuda a:
adequar a precificação à realidade tributária do seu negócio;
enxergar o impacto de impostos e regime de tributação;
montar uma estratégia de preços que faça sentido para o seu mercado e para o seu bolso.
Na Adiv, a gente olha para os números, mas também para a sua história: entendemos como você trabalha hoje, o quanto quer crescer e qual é o melhor caminho para chegar lá com segurança.
Conclusão
Definir quanto cobrar pelos seus serviços não precisa ser um bicho de sete cabeças – mas também não dá pra ser no “achismo”. Quando você conhece os custos, calcula o preço com método e acompanha o ponto de equilíbrio, começa a ter controle de verdade sobre o seu negócio.
Se você quiser ajuda para organizar esses números, montar sua planilha e entender o impacto dos impostos na sua precificação, a Adiv pode caminhar com você.
👉 Fale com a Adiv pelo WhatsApp e vamos analisar juntos a realidade da sua empresa.
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